Você tem uns avós tão bacanas... hoje vou falar dos "do meu lado". Outro dia liguei pra sua vó e falei:
- Mãe, to com uma vontade de comer sagu...
- Ah, não diga! De que?
- De abacaxi...
- Olha, comprei um abacaxi hoje! Vou fazer!
Isso foi à noite. No dia seguinte, logo cedo, fui lá e o sagu estava pronto, uma delícia!!!
Aí em outro episódio comentei com seu pai que estava com vontade de comer jabuticaba no pé. Ele disse na hora pra eu ligar pro seu avô e acabei não ligando... mas ontem ele veio aqui em casa e seu pai lembrou da história:
- Cassiano, sua filha tá com vontade de comer jabuticaba!
- Ah, mas eu sei onde tem, comi ontem! Vamos que eu te levo lá!
E lá fomos, na casa da Marisa e do Jonathas, amigos músicos que tem o privilégio de ter uma jabuticabeira no quintal!
Pelo jeito você já está se dando muito bem com esses avós, que atendem prontamente suas vontades ;)
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Agora lembrei de uma frase que seu vô falou lá de cima da jabuticabeira:
"Jabuticaba é que nem gente: pra estar boa tem que estar brilhando!"
Esse é o Cassiano...
O Filho do Aralume é um espaço pequeno e acolhedor para falar, pensar e sentir a maternidade. Mas não pense que o papo é morno, ou cor de rosa, ou água com açúcar. É pra quem não compra pacote pronto, é pra quem leva a vida a sério!
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Os tempos modernos e a solidão da maternidade
Nem vou fazer o tão batido discurso de que as mulheres de hoje em
dia são sobrecarregadas com a obrigação de serem profissionais bem sucedidas,
de terem filhos adoráveis, um marido igualmente bem sucedido e adorável, uma
casa linda e uma imagem perfeita. Disso todo mundo já sabe. Mas a ficha que vem
me caindo lentamente é que, no meio desse furacão, nós mulheres, ao invés de
nos unirmos estamos ficando cada vez mais isoladas.
Com as famílias cada vez menores e mais separadas, parece que temos depositado todas as nossas esperanças - em vão -
nos maridos, cobrando deles atitudes e decisões que não lhes competem, o que só
faz por erodir a relação, complicando ainda mais o quadro, que no limite vai
resultar em realmente assumir tudo sozinha e, aí sim, ver o que é assumir tudo
sozinha.
E por falar em famílias menores e mais separadas, nossas mães, irmãs, tias, primas ou estão longe, ou não fazem as coisas como nós
gostaríamos que fizessem, ou tem seus mil e um afazeres dos quais ninguém
escapa nessa vida caótica.
E por falar em vida caótica, as amigas... elas que, ao contrário
da família, são nossas escolhas voluntárias, que compartilham afinidades, que
tem no sangue as dores e as delícias da nossa geração... me diga, quem pode,
realmente, contar com uma amiga? A empregada não veio, não tem com quem deixar
as crianças, alguém aciona uma amiga?! Menos grave: o casal quer, merece e precisa
de um fim de semana a dois, de namoro e sossego, dá pra deixar as crianças na
casa de alguma amiga?! Ou nem precisa de um apuro, mas o hábito cotidiano de
"dar uma passada", comer um bolo, falar da vida (ah, como é importante falar da vida!) enquanto a criançada
- das duas - coloca a sala de ponta cabeça.
Com certeza a vida em grandes cidades dificulta. Com um trânsito
paulistano à frente ninguém "dá uma passada" em lugar nenhum. Sem
falar das distâncias entre cidades, estados e países, que muitas vezes vão
separando as amigas, que cresceram juntas, estudaram juntas, se formaram juntas
(formar enquanto ser humano mesmo, não na faculdade... às vezes sim,
também...).
A estrutura de trabalho que ainda nos aprisiona também não ajuda
em nada. Se a empregada não veio e não tenho com quem deixar as crianças porque
preciso ir trabalhar, certamente minhas amigas – com ou sem crianças – também
precisam ir trabalhar!
Morar em cidades pequenas com as amigas por perto, ter horários e
responsabilidades de trabalho flexíveis... pode ser um sonho, pode ser
realidade, mas desconfio que não seria, por si só, a solução.
Tem um outro fator que parece determinante. Venha comigo, veja meu pensamento: a
revolução dos métodos anticoncepcionais transformou algo que antes era
inevitável, natural, líquido e certo - ter filhos - em uma questão de escolha,
opção. Dessa forma, se você tem filhos é porque você quis e se eu não tenho é justamente
porque eu não quis e não quero ter dor de cabeça com crianças. Se não
quis e não quero com os meus próprios, que dirá com os de terceiros! No máximo
um paparico pros sobrinhos, mas sem compromisso, devolvendo ao menor sinal de
turbulência.
Quanto às mulheres que optaram por ter filhos, parece que, ao
invés de ajudar aquelas que estão “iniciando na carreira”, assumem uma postura
de “ah, eu dei conta dos meus, eu consegui. Se vira, agora é a sua vez!”.
É uma visão pessimista, mau humorada, assumo. Mas foi um lampejo. Claro que não vamos generalizar... não é uma regra, não
existem regras, mas é possível que seja uma tendência.
Felizmente vejo grupos de mulheres se unindo e se ajudando, mas
ainda é no âmbito das minorias, daqueles pequenos grupos resistentes e muitas
vezes impertinentes, como os “ecológicos”, os vegetarianos, os místicos e
bichos-grilo em geral.
Nesse aspecto, morar em grandes cidades ajuda, pois é lá que as
coisas acontecem, é lá que surgem as novas
tendências e as vanguardas. Mas a que preço?
O que fazer então? Não sei... o pensamento ficou sem desfecho. Não
chega a ser uma tese, mas uma provocação.
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