sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"Não corre!"

Você já reparou como pais de crianças pequenas costumam proferir essa frase? No parquinho: "Não corre!", no clube: "Não correee!!!", em casa: "Não corre!", em casas de visitas: "Não coooooorreeeeeeeee!!!".

Gente, deixa a criançada correr!

Criança precisa correr, ainda mais os que estão descobrindo esse prazer, acabaram de firmar o andar e de repente descobrem que podem correr! Podem? Não, tem sempre uma mãe maluca, uma avó cansada, um pai sem paciência dizendo "Não corre!".

Qual o problema de correr?!

Cair? Cai, levanta! Ok, existem lugares perigosos, existem situações verdadeiramente perigosas, mas na maioria das vezes o prejuízo não passa de um joelho ralado e um choro que logo se resolve.

(ABRE PARÊNTESES) aproveitando o ensejo, gostaria de chamar a atenção para o famigerado "não foi nada" que se segue aos tombos e cia. Não foi nada uma ova! Tá doendo, tá doendo a dor do joelho ralado, tá doendo a dor da frustração ("poxa, estava tão bom correr!"), tá doendo a dor da vergonha. Não sei se você se lembra do seu último tombo, ou mesmo aquela topada do dedão no pé da cama. Doeu pra chuchu! Ou se você lembra quando estava tentando fazer alguma coisa e de repente virou tudo, deu errado, que saco! Se alguém viesse te dizer "não foi nada" era capaz de levar uma resposta mal educada. Mas a criança não, a criança tem que engolir o choro e desqualificar o que está sentindo. Mas está sentindo, e aí? Não precisa dramatizar. É só falar "poxa, você caiu, tá doendo né?" Dá um colo, dá um abraço, um beijinho, assopra. Pronto, passou! Mas não vai me falar "pronto, passou" assim que a criança caiu, enquanto está aos berros. (FECHA PARÊNTESES)

Pais, mães, avós, cuidadores, vamos meditar sobre o que é proteção e o que é sufocamento. O que é proteção e o que é subestimar a capacidade da criança (isso é o que mais vejo, na verdade).

Proteger é proporcionar um ambiente seguro para que a criança possa se desenvolver livremente (mas não vai me deixar a criança trancada num quarto forrado de EVA, rs... esse ambiente pode até ser seguro para machucados, mas é uma violência para o cérebro!). Proteger é ensinar que em chão molhado não se corre. Mas deixar a criança correr tranquila quando vê um amiguinho vindo lá longe no parque.

Se o calçado da criança não é adequado pra correr, me desculpe, mas esse não é um calçado adequado pra criança!

E pra terminar, uma provocação filosófica:
Que tal nós, adultos, que vira e mexe bradamos "Não corre!", tentarmos praticar nosso próprio conselho, freando o ritmo de vida maluco que temos levado?! Que tal observarmos nossas próprias atitudes apressadas e diminuirmos a densidade de compromissos/hora?

Agora é a minha vez: "Não corre, galera!"

sábado, 18 de outubro de 2014

As crianças e a falta de água

É, não tem como escapar, o assunto é esse. A água vai acabar, a água está acabando, a água acabou.

Tenho feito um esforço enorme pra não sintonizar com o alarmismo, com o pânico, com o estado de choque, com a disseminação do medo, com a sensação de impotência. E olha, vou dizer que não está sendo fácil. Agora, se pra mim não é fácil, uma pessoa adulta, com conhecimentos e vivências, com acesso a diversos tipos de informação, imagina só pra uma criança, que ainda está descobrindo como o mundo funciona?

Temos sim que incutir nas crianças o senso de responsabilidade no uso das coisas que precisamos para viver. É fundamental que as crianças aprendam desde muito pequenas a não desperdiçar, seja lá o que for. Mas precisamos estar muito atentos pra não gerar com isso uma mentalidade de escassez e, o que é pior, de medo.

Quem fez a merda com a água fomos NÓS e nossos antepassados. As crianças de hoje nada tem a ver com essa responsabilidade, esse é um problema NOSSO, dos adultos. E é bom que consertemos o mais rápido possível, para que essa bomba não caia de fato nas mãos dos nossos filhos.

Enquanto isso, nada de mandar a criança desligar o chuveiro "porque a água está acabando". Você vai mandar sim a criança desligar o chuveiro, mas porque ela já se banhou o suficiente. No caso do banho, nada melhor do que uma bacia, onde a criança pode brincar até derreter e ainda dá pra aproveitar essa água depois.

As crianças maiores podem perceber que o manejo da água em casa mudou, podem perceber práticas que antes dessa crise a gente não fazia. Talvez elas perguntem o porquê. Podemos simplesmente responder que em tempos de seca - percebeu como tem chovido pouco? - a gente usa a água com mais cautela. "Não vai chover mais, mamãe?" "Vai sim, querido, claro que vai".

Vamos evitar que as crianças vejam a represa seca. Esse tipo de imagem talvez sirva pra educar adultos, mas não serve pra educar criança. Não estou dizendo pra gente esconder o mundo das crianças, mas não vamos chamar a atenção pra isso.

Quando percebermos que uma criança está preocupada, porque "a professora falou", porque viu na TV, precisamos passar pra ela a segurança de que esse não é um problema dela e tem gente trabalhando pra resolver isso (podemos até não acreditar, mas essa pode inclusive ser uma forma para que nós, adultos, tomemos pé da situação). Precisamos dizer que é importante cada um fazer a sua parte, e a parte que cabe a ela é usar bem a água.

Não vamos privar as crianças de brincar com água. Ok, não dá pra fazer guerra de esguicho, mas as crianças podem ajudar a molhar as plantas com a água que vai acumulando na pia da cozinha - coloque uma bacia sob a torneira pra pegar aquela água semi limpa da lavagem de vegetais e coisas do tipo; quando tem sabão a água pode ir pra lavar o chão. Com essa água pode brincar ;)


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Educar para crescer

O título desse texto foi descaradamente copiado de uma matéria que li na revista Cláudia (não anotei a edição, falha nossa). Gostei muito da matéria, com um tanto de surpresa, admito, pois geralmente esse tipo de veículo mais me decepciona do que agrada, principalmente no que tange a assuntos metafísicos como a educação de crianças.

Pois bem, a matéria elenca seis pontos importantes para ter em conta quando temos a enorme responsabilidade de educar, seja como pais, como avós, tios, professores, ou até mesmo pra quem convive esporadicamente com crianças, pois é nos pequenos gestos que demonstramos nossos valores.

Vou citar os pontos levantados, com alguns comentários meus:

1. Ser responsável: a matéria cita o clássico "guardar os brinquedos". Se a criança tem capacidade para pegar um brinquedo da estante, tem capacidade para guardá-lo. Parece bobo, mas é de pequeno que se aprende a tirar o prato da mesa, a arrumar a própria cama, a cuidar das roupas, a gostar de cozinhar e por aí vai, tudo em seu tempo, sem exigir da criança tarefas para as quais ela não está preparada. E atenção à questão de gênero!!! Não é porque é menina que TEMQUE aprender a cozinhar e não é porque é menino que não será tão cobrado nas responsabilidades domésticas. Lembrando que o exemplo dos adultos é fundamental. Não adianta cobrar responsabilidade dos pequenos se não cumprimos combinados. Pense antes de falar e, depois que falou, cumpra.

2. Pensar e agir sem ajuda externa: nessa eu vibrei! Deixemos as crianças errarem, fazerem diferente, demorar um tempão, vestir do avesso. Assim estamos deixando com que aprendam a aprender. O papel do adulto é fazer as perguntas certas e não dar as respostas (isso me lembra da relação mestre-discípulo: quem pergunta é sempre o mestre).

3. Colocar-se no lugar do outro: a matéria fala do mundo individualista em que vivemos e de como os jovens são autocentrados. Aqui vejo mais uma vez a importância do exemplo. À medida em que os pais procuram conhecer os vizinhos, os pais dos colegas da escola, as redes vão se formando e fortalecendo, permitindo com que possamos conhecer melhor a história da pessoa e os motivos pelos quais ela age de determinada maneira. Conhecer ao invés de reclamar. Eita lição de casa!

4. Fazer por merecer: primeiro a matéria alerta para não criarmos crianças mimadas que não se esforçam para ter o que desejam e depois pontua que reconhecer o esforço é uma coisa e premiar grandes resultados é outra. Esse é um detalhe muito importante, que me foi mostrado pelo livro A Ciência dos Bebês (John Medina) e que recomendo fortemente. Basicamente, não interessa a nota que a criança tirou na prova, mas o quanto ela estudou para alcançar aquela nota e é esse esforço que deve ser elogiado e recompensado. Se estudou muito e tirou nota baixa, precisa investigar o sistema de avaliação; se estudou pouco e tirou nota alta também ;)

5. Sentir e mostrar gratidão: ah como me comove quando crianças pequenas dizem um "obrigado!" sincero. Na matéria é ressaltado que as crianças não tem vivido a expectativa do desejo, são atendidas prontamente, e isso deixa a gratidão no esquecimento. Acho que cabe aos pais também chamar a atenção pra tudo de bom que existe na vida da família, que aquilo não vem "do nada", como é bom poder ter ou fazer tal coisa.

6. Saber lidar com as próprias emoções: a matéria chama para a importância dos pais prepararem seus filhos para lidar com medos, expectativas, frustrações. Aqui complica, porque a maioria de nós, adultos, não lidamos bem com nossas emoções, então, como ensinar o que não sabemos?! O livro citado acima também alerta para a importância dos pais saberem lidar com as próprias emoções, talvez como o ponto mais importante na formação de um ser humano. O ideal seria todo mundo fazer terapia, mas pra quem não quer ou não pode, a dica é estar atento às emoções (próprias e das crianças) e pontuar os estados emocionais, se possível dizendo mesmo em voz alta: estou com raiva, estou frustrado, você está assim porque está sentindo ciúme. Uma vez identificada a emoção fica mais fácil entendê-la (empatia) e transmutá-la. E como as crianças pequenas não conhecem as emoções ficam ainda mais assustadas, por não entenderem por que estão daquele jeito. Quando nomeamos o sentimento, as coisas se encaixam e a criança descansa.


Seria possível resumir tudo em: é preciso estar atento e forte. Atenção aos mínimos detalhes. Olhar de verdade, ouvir com atenção, deixar o celular de lado, desligar a TV. Comprar menos, fazer mais. Perguntar como foi, como está, como vai ser. Conferir se foi mesmo. Entender por que não saiu como previsto. Estar disposto a esperar uma resposta, uma atitude, mas assumindo o papel de responsável. Saber sair de cena. Saber entrar em cena. Estar preparado para um improviso diante da plateia. E olhar no espelho, muito, sempre. Precisa força, precisa energia, precisa descanso. Precisamos nos cuidar para poder cuidar deles. É preciso estar atento e forte.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Comida industrializada para criança

Eu sou adepta do "faça em casa", sou adepta de alimentos com baixo teor de publicidade (Infância Livre de Consumismo!), mas também sou adepta da sanidade mental das mães e sei que tem hora em que tudo o que a gente quer/precisa é abrir um potinho e dar uma colherada pra criança. Principalmente viajando, se hospedando ou visitando casas de pessoas que não tem hábitos parecidos com os nossos. Ou naquele dia em que estamos absurdamente cansadas, não deu tempo de fazer compra, essas coisas. Você, mãe, sei que me entende.

Pois bem, mas nada disso é pretexto pra eu dar pro meu filho porcarias quaisquer. Ele ainda não tem 2 anos, então por enquanto é açúcar zero. Também não admito glutamato monossódico e outros pozinhos com nomes compostos e origens duvidosas (não me pergunte por que... estou sem tempo pra pesquisar decentemente e dar uma resposta com embasamento científico, rs...). Isso já restringe muito as possibilidades industrializadas, e é justamente por isso que resolvi compartilhar meus achados.

Não tenho nenhum vínculo com as empresas que citarei e não recebo pela propaganda (embora eu ache que deveria, rs...). Mas vamos ao que interessa:

Queensberry
Dei pulos de alegria quando descobri as geleias sem açúcar e os smoothies, também sem açúcar, da Queensberry. Sem falar nas garrafinhas de vidro que são as coisas mais fofas e que coleciono pra guardar temperos =D


  • 100% Fruta: sem adição de açúcar
  • 100% Natural: sem conservantescorantes e aromatizantes

Do Bem
Os sucos com embalagens bem humoradas já me ganharam pelo rótulo. Quando li a lista de ingredientes, quase chorei de emoção e enviei boas ondas de gratidão aos "jovens cansados da mesmice" que os produzem! Coisas como 'Laranja, laranja e mais nada' e 'Água, suco de abacaxi e hortelã. É possível!' você encontra na descrição dos produtos. Segue o site, muito bem feito, é lógico ;) Do Bem

Pesquisando a imagem pro post achei uma avaliação interessante do site Fechando o Zíper.


Mãe Terra
Bom, aqui tem muita, muita coisa pra mãe moderna e natureba cuidar de seus filhotes. Queria destacar alguns itens:

- Sopinha Madá: não é a oitava maravilha do mundo, mas é uma mão na roda pra uma papinha salgada express. O Fechando o Zíper alerta pra quantidade absurda de sódio :( e outros detalhes. Pra mim fica com o status de "use em caso de emergência". E quando preciso, uso mesmo, sem peso na consciência. Fazemos sempre o melhor que podemos, não é verdade?


- Salgadinhos Sabuguinho, Pitzo e Ceboloko: com ingredientes orgânicos e "sem pozinhos artificiais", segundo o fabricante. O Fechando o Zíper (eita povo cri cri, rs...) alerta pra alta quantidade de gordura e sódio. Eles também questionam a coisa dos pozinhos artificiais, mas pra mim tá ok. Um ótimo companheiro nas viagens, naquela hora em que a cadeirinha parece ter espinho e o destino final não chega nunca!



- Flocos de milho: a única marca que encontrei sem açúcar (tem o sem açúcar e o com açúcar mascavo, atenção! Inclusive a foto abaixo é da embalagem com açúcar, que não é a que eu uso, mas foi a que encontrei pra ilustrar). Na embalagem não fala, mas a empresa tem um compromisso de não utilizar ingredientes transgênicos, então estou confiando nisso. O Joaquim adora no mingau!


Da Mãe Terra eu gosto muito também do Trato Mix e Trato Trio, ficam ótimos no mingau (que faço com água, sem leite, diga-se de passagem). Só me decepcionei com a granola, pois todas tem açúcar :( ah, e o macarrão instantâneo eu não gosto... acho a massa integral muito fibrosa... mas aí já é de gosto.

Tem uma linha grande de produtos, vale dar uma olhada: Mãe Terra.

Jasmine
A única granola "de marca" sem açúcar que eu achei! Tem vários tipos, tem que ler o rótulo. Mais uma vez o Fechando o Zíper ajuda a usar com moderação... Também coloco no mingau, pra dar uma variada (deu pra perceber que a gente gosta bastante de mingau por aqui, né? rs...).


No site da Jasmine vi que eles tem uma linha de produtos infantis, mas nunca vi nos mercados aqui da província... se alguém usa ou já usou, me conta!


Atenção sempre!
Não basta ler as "chamadas de capa", tem que correr pras letras miúdas e destrinchar a lista de ingredientes. Por enquanto ainda confio nos fabricantes... mas confio desconfiando, porque vira e mexe estoura uma fraude, então justamente por isso uso os industrializados com MUITA parcimônia.

Preços
O que é bom custa caro. Pelo menos em termos de produto. Mais um ponto a favor de usar de vez em quando.



E você, tem alguma dica de um grande achado nas prateleiras dos supermercados?!