quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

XIII - Quando a gente se dá conta de que passou dos limites?

Ou: processos graduais são mais facilmente assimilados.

Portanto, se o processo é num sentido de crescimento e evolução, maravilha, mas se é num sentido de deterioração, perigo! Porque como são graduais, cada pequeno passo vai sendo metabolizado de uma forma quase imperceptível e precisamos fazer um certo esforço para manter a clareza de onde estávamos e onde viemos parar.

Quanto aos sentidos de crescimento e evolução, tenho vivenciado essa dinâmica com a prática do Método DeRose, que é muito forte, mas preserva a integridade do praticante (física, emocional e mental) fazendo com que ele suba pequenos degraus e ainda possa parar para descansar ao longo da jornada. Dessa forma a paisagem vai sendo compreendida aos poucos, sem sustos, sem sobressaltos, mas com o encantamento das pequenas descobertas, porque senão seria um tédio!

Nos processos na direção oposta tem vários exemplos, em termos de humanidade. Na área de meio ambiente (com a qual sou mais familiarizada) é gritante. Exemplo bobo, das embalagens. Volte 50 anos e observe como eram as embalagens... agora veja como são hoje... se naquela época, há 50 anos, fosse feita uma mudança radical de embalagens, deixando tudo como é agora, possivelmente as pessoas achariam um absurdo e a moda nem pegaria... mas como as mudanças foram acontecendo aos poucos, parece que ninguém se deu conta.

Com alimentação percebo a mesma coisa, com esse tanto de coisas industrializadas que consumimos (e que acaba tendo a ver com o exemplo das embalagens...). Também os hábitos de transporte, comunicação, relacionamentos... não quero dizer que o "antigamente" que é o bom, pois muitos avanços vem sendo feitos e evoluir é preciso, mas nesse tema de "estar longe da natureza" estamos sim nos distanciando cada vez mais e isso me preocupa, porque pra mim a natureza é perfeita e é ela que manda (ou deveria mandar).

Todo esse preâmbulo para falar das formas artificiais de ter um filho! Aproveito pra falar agora, enquanto ainda não tenho filhos e nem estou grávida (pra ninguém dizer: "ah, é fácil falar quando você tem o seu filho nos braços!") e sei que corro o risco de repensar isso tudo se encontrar dificuldades para "produzir" um filho - embora ache essa chance muito, mas muito remota mesmo (não a chance de ter dificuldades para produzir um filho, mas a chance de repensar minha opinião sobre o assunto... e se um dia eu fizer isso, me faça um favor: imprima esse texto e cole no meu espelho!).

E sabe do que mais? Não sou eu que vou falar, mas a Eliane Brum e três psicanalistas especializadas no tema! Quando eu li essa matéria tive até falta de ar e o chacoalhão desmontou o processo de assimilações graduais que fazem tudo parecer "normal" (não que eu achasse normal fazer criança em tubo de ensaio, mas também nunca tinha refletido a fundo sobre o tema).

Lá vai a bomba:
Reprodução assistida - ou desassistida?

Mas vou deixar também minha opinião a respeito do assunto, que sempre foi a seguinte: se a natureza não está permitindo que a coisa aconteça, então não é pra acontecer! Pra que forçar a barra?!

Mas aí, lendo a matéria que acabo de recomendar, me deparo com uma informação chocante: muitos casais que recorrem à reprodução assistida NÃO FAZEM SEXO!!! Depois eu critico essa cultura de mãe virgem e falam que eu sou "ousada"... tenha dó viu!

E pra chutar o pau da barraca, não me espantaria dar de cara qualquer hora com a seguinte notícia:

Universidade XYZ desenvolve o primeiro útero artificial


Pesquisadores da Universidade XYZ divulgam resultados otimistas acerca de seu mais novo experimento: um útero artificial. O aparelho, que reproduz exatamente as mesmas condições do órgão humano, torna possível a gestação de embriões, desde sua fertilização até a conclusão do desenvolvimento do feto.


A inovação revolucionária poderá salvar a vida de milhares de crianças que seriam abortadas, garantindo sua sobrevivência. Poderá ainda abrigar fetos em qualquer estágio de seu desenvolvimento, como por exemplo em situações que a gestante sofreu um acidente ou contraiu alguma doença, situações essas em que um aborto poderia ser inevitável.


Ainda em fase de testes, o equipamento já é aguardado com grandes expectativas.

Juro que não ia ficar surpresa... ficaria é claro muito triste, com a esperança na humanidade abaixo de zero, mas não surpresa...

E não para por aí... depois de ser testado e aprovado, depois de ter "salvado" sua primeira criança e cair no gosto do povo, também não me espantaria que a geringonça fosse usada indiscriminadamente, sob os mais variados pretextos, tais como:

Mulher, pra que deformar seu corpo com aquele barrigão enorme? Deixe seu filho crescer em um ambiente especialmente desenvolvido para isso! [como se o corpo feminino não fosse!!!]


Mulher, pra que passar pela dor, desconforto e riscos de um parto? É só abrir uma portinha e seu filho estará lá, prontinho! [esse acho que seria o argumento mais aceito!]


Mulher, pra que se preocupar com o que você come, bebe e fuma durante a gravidez? Deixe seu embrião conosco e ele será alimentado com o que existe de melhor para se tornar uma criança saudável! [é muita pretensão né?]

Tá bom, ou quer mais?!

Acha que eu fiquei doida de vez?!

Pois foi exatamente isso o que aconteceu com a cirurgia de extração de feto, conhecida também como cesariana. E é exatamente isso o que está acontecendo com o procedimento para fabricar crianças em tubos de ensaio, conhecido como reprodução assistida. Tuuuuuuudo cheeeeeeeeeio de boas intenções e de méritos médicos e tecnológicos, com a nobre intenção de salvar (e gerar) vidas! E ainda com um bônus: certificado de status social! Que maravilha...

Será possível que o futuro da humanidade é estar cada vez mais longe da natureza? É negar cada vez mais a natureza? Por que o ser humano precisa tanto dessa auto afirmação? (eu me viro sozinho, consigo até "fazer gente" - como se antes não conseguisse!!!).

Olha, falta muito pouco pra eu resolver largar mão dessa sociedade doente e viver num meio de mato ou beira de praia (mas aí me lembro do meu querido Professor Marcos Sorrentino, que trabalha com educação ambiental, dizendo que por mais que a gente se isole, nunca teremos a certeza de que não virão poluir nossa água e queimar nossas florestas... então resisto mais um pouco, tentando evitar que poluam as águas, que queimem as florestas e que sufoquem os superpoderes que a natureza nos deu tentando substituí-los por enfraquecimentos manipuladores!).

5 comentários:

  1. O tipo de alimentação do ser humano mudou e muito e isso é fato!

    Adolescentes agora são gigantes e meninas menstruam com 9 anos! Muuuito hormônio.
    E outras mudanças também ocorreram na capacidade de reprodução do ser humano!

    Li o texto e posso afirmar que sou a favor de métodos de concepção assistidos, pois é muito difícil se sentir impotente diante da gigantesca vontade de ser mãe.
    Sei o quanto é difícil. Perdi o primeiro filho logo no começo da gestação. E convivi com o fantasma do aborto até a concretização da vinda do Arthur.
    Acompanhei também uma moça que engravidou através de uma FIV. Gastou um valor equivalente ao preço de uma casa modesta. Hoje seu filho está aí lindo e forte. E ela feliz.
    Seria ela então egoísta por não adotar?
    Eu acho que não. Trabalho com crianças e já sofri muito com seus problemas familiares e tive mesmo muita vontade de traze-los para o seio da minha família!
    Mas na "real", isso não é tão fácil assim!
    Admiro quem consegue.

    Sobre Cesárias...
    Conversei isso com meu marido antes de passar pelo parto do Arthur. E digo, não foi fácil pra mim! As mulheres perderam sua capacidade de "abertura corporal" para parir suas crias.
    E depois que descobri o motivo dos hemogramas realizados no Arthur, acho que a cesária vai bem em alguns casos!

    OBS: Eles temeram que ele tivesse pego alguma infecção pelo tempo que fiquei com a bolsa estourada e nada de nascimento.
    Quase 15 horas de pré-parto e todo meu líquido amniótico vazou praticamente de uma vez em casa mesmo.

    Um "útero de borracha" seria realmente grotesco. Uma das coisas mais maravilhosas deste mundo é poder sentir seu filho te chutando e acordar assustada à noite com isso.
    Eu comi melhor, dormi melhor, tomei todos os litros de água possíveis e fazia todas as misturas de frutas numa vitamina por ele.

    Ser mãe é ser FELIZ no paraíso!

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    1. Então Gi, o que eu "cutuco" aqui é como as pessoas lidam com essa sensação de impotência diante do não sucesso em ter um filho. E quando digo "as pessoas", me refiro a homens e mulheres, porque a "responsabilidade" acaba caindo só sobre as mulheres, mas na maioria dos casos a limitação é dos dois ou até só do homem!

      Nunca acompanhei de perto uma situação assim, mas aposto que são raríssimos os casos onde se parte para um acompanhamento psicológico sério e profundo, com a intenção de entender traumas e bloqueios que estão impedindo que a fertilidade aflore. Isso sem falar nas coisas mais óbvias e imediatas, como a própria ausência do ato sexual (o que seria pra mim impensável em um casal que quer ter filhos!), ou relações sexuais que são feitas sem qualidade, sem uma vivência profunda desse momento mágico que permite a geração de uma vida, transformando-o em um ato mecânico. Se o casal não consegue entrosamento e harmonia aí, como pretende criar um filho?!

      Sobre aborto espontâneo e adoção falarei em outros textos... um aborto deve ser mesmo uma das piores experiências da vida e espero que sobre esse assunto eu também fale sem "conhecimento de causa"...

      Quanto às cesáreas, desde que me envolvi com os movimentos de parto humanizado e empoderamento materno, tenho tomado conhecimento de informações que passam dos limites do absurdo e é realmente difícil de acreditar como chegamos a esse ponto. Essa cirurgia pode sim salvar vidas e deve ser usada nesses casos. Mas só nesses casos! Um sinal evidente de que tem alguma coisa errada é que no Brasil SETENTA por cento das crianças nasçam dessa forma (sendo que se pegarmos só hospitais particulares essa proporção vai para 80, 90%)... não é possível que 70% dos nascimentos sejam de risco!!! E, se for, insisto, tem realmente algo muito errado com a forma como estamos tocando esse barco...

      Obrigada pelo seu comentário! Fico muito feliz quando as pessoas escrevem e expõem seus pontos de vista. Sempre procuro responder, não para "convencer" ninguém, mas pra ir avançando na discussão, que é meu principal objetivo!

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  2. Fico feliz por poder comentar e você responder!

    Já visitou um site que se chama e-familynet? vale a pena como estudo das atitudes humanas em diversas situações. Tudo lá está relacionado a gravidez.

    Tenho uma conta lá. Mas não atualizo muito, pois falta tempo.
    Confesso que as experiencias alheias me ajudaram bastante. Hoje só consigo amamentar meu bebê sem problemas graças a algumas dicas das conversas dos fóruns daquele site.

    Um grande abraço.

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    1. Oi Gi, não conhecia o e-family. Entrei lá e dei uma olhada, tem bastante coisa né?

      É muito bom mesmo aprender com as experiências alheias... nos economiza tempo e desgaste!

      Abraço e espero que possamos nos conhecer pessoalmente em breve!

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  3. Carolina adicionei você no orkut!

    Eu não aderi ao Face...
    Face eu acompanho junto com meu marido!

    Bjão

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