sábado, 28 de dezembro de 2013

Os desafios do primeiro ano

É impressionante a quantidade de desafios que a maternidade traz. Muitos, grandes e que mudam muito rápido. Generalizações são complicadas, mas essa eu arrisco: os desafios existem, eles são muitos, grandes e mudam muito rápido (quando você acha que "ficou craque", aquela já não é mais a pauta e você se vê diante de algo inteiramente novo, apavorantemente novo e deliciosamente novo!).

Fora isso não dá pra generalizar muito, pois cada díade mãe-filho, cada tríade mãe-pai-filho, cada família terá seus desafios. Mas dia desses, sem querer, me vieram à mente os principais desafios desse primeiro ano, que ainda não acabou, mas me arrisco a prever. Foram/são os meus desafios. Você que é mãe, se identifica? Quais foram/são os seus? Vamos a eles:

Primeiro trimestre - Amamentação
Esse, a meu ver, é o grande desafio das primeiras horas. Se a equipe obtém sucesso, passa a ser o desafio da primeira semana. Se o sucesso continua, é o desafio do primeiro mês. Se conseguimos passar do primeiro mês, imagino que já esteja bem instalada e não traga mais desafios, aí é só curtir!

O que eu gostaria de ressaltar nesse desafio é que, ao contrário dos outros e ao contrário do que se fala por aí, o "sucesso" não depende só da mãe. É fundamental que o momento do nascimento seja amparado por uma equipe que garanta sossego e espaço para que a amamentação ocorra; é importantíssimo que o bebê consiga sugar direito (é muito raro os que não conseguem, mas existe, e nesse caso, uma equipe bem preparada torna-se ainda mais importante); é vital que o pai, avós e outras pessoas próximas estejam dispostas a fazer o que for preciso para que a amamentação se instale e flua, e isso significa cuidar da casa, cuidar das contas, cuidar da comida, cuidar dos filhos maiores, cuidar dos animais de estimação...

Do ponto de vista da mãe, o que mais pegou pra mim foi o cansaço. Um cansaço físico e principalmente emocional. Estar disponível O-TEMPO-TODO não é fácil e imagino que seja justamente nessa hora que muitas mães acabam cedendo à mamadeira, tanto de leite materno quanto de fórmula. Pra mim a amamentação exclusiva até os 6 meses sempre foi uma meta, então assumi alguns sacrifícios, mas tenho total consciência de que o sucesso só foi alcançado graças ao trabalho em equipe (meta, sucesso, equipe... que termos corporativos! Mas para por aí, viu? Amamentar em livre demanda é a melhor coisa que existe. Se a gente está longe da nossa natureza, fique tranquila que o bebê não está e ele sabe exatamente do que precisa!).

Ah, se você está grávida e também quer amamentar de forma exclusiva até os 6 meses, além de ter boas conversas com o marido, sugiro NÃO COMPRAR mamadeiras, chupetas, bombinhas de tirar leite e coisas do tipo. Se for realmente necessário complementar a amamentação, uma corridinha em qualquer farmácia resolve, não vai ser por isso que seu filho vai passar fome. Mas se, por outro lado, no momento de desespero você tem uma mamadeira à mão, isso pode representar um caminho sem volta (o desespero passa, a tentação da mamadeira não...).

Ter com quem conversar também ajuda. E olho aberto no pediatra e suas curvas de crescimento, que podem ser superestimadas e desrespeitam o ritmo natural de ganho de peso do bebê, o que acaba por prejudicar a amamentação de forma irreversível.

Sobre isso indico dois textos do Blog do Cacá:
http://vilamamifera.com/blogdocaca/curvas-do-crescimento/
http://vilamamifera.com/blogdocaca/bebes-estao-sendo-superalimentados-com-leite-em-po-diz-oms/


Segundo trimestre - Voltar pro mundo
Olha, sinceramente, tive que pensar muito pra estabelecer um "desafio do segundo trimestre". Pra mim foi o melhor, foi o que eu mais curti até agora! As mamadas diminuem um pouco, dando um "respiro" pra mãe. Depois da maratona do começo dá até pra ficar com um certo tédio, rs... foi aí que comecei a usar fraldas de pano (com dois meses, na verdade) e fiquei craque no sling (depois de amamentação em livre demanda, wrap sling é a melhor coisa do mundo pra recém-nascido! Comecei a usar com um mês, mas deveria ter começado antes!). E foi nessa fase que a shantala também fluiu melhor (comecei com um mês, mas no comecinho é difícil ter brechas entre as mamadas, mas não muito perto da última mamada).

E conforme as coisas foram se encaixando, eu fui tentando voltar pro mundo, fazer algumas coisas que tinha deixado de lado desde que o nenê nasceu, como simplesmente sair de casa sozinha (sozinha com o bebê, claro, afinal de contas sempre fui xiita com a amamentação em livre demanda).

Aí a gente começa a ver que tudo mudou. Uma outra mãe-Carolina-que-escreve definiu brilhantemente: "nada retoma seu lugar, porque nem os lugares são os mesmos". Constatar isso não é fácil, mas eu diria que é essencial. Porque se a gente fica tentando encaixar as coisas, achando que as coisas devem ser encaixadas como eram, não vai dar certo. A gente sofre mais, o bebê sofre mais, o marido sofre mais.

É preciso se refazer. É preciso se permitir novos olhares.


Terceiro trimestre - Introdução alimentar
Pronto, acabou a calmaria! Eu estava na lua-de-mel da maternagem e caí de para-quedas numa segunda-feira de escritório chato e estressante!

Eu tinha mil sonhos e expectativas com relação à introdução alimentar e isso só me atrapalhou. Li muito, li demais e fiquei maluca. Tem gente que fala pra começar com fruta, tem gente que fala pra começar com cereais, tem gente que fala pra passar na peneira, tem quem fale pra amassar com o garfo e tem ainda quem diga pra dar pedaços grandes que o nenê se vira (adorei esse, tentei, mas ele engasgou - algumas vezes - e eu quase morri).

É pra por sal, não é pra por sal. Pode isso, não pode aquilo. Eu queria dar só orgânicos, mas ao mesmo tempo queria variedade e não conseguia. Um saco.

Com o tempo fui relaxando, fui vendo o que ele gostava e fui desapegando das minhas expectativas. Vi que ele adora caldinho de feijão temperado com alho refogado e sal. Ok. Vi que ele adora uma papinha de liquidificador, daquelas bem pastosas, de mandioquinha "desorgânica", como diz um amigo. Ok. Já dei comida de restaurante porque no meio da correria não consegui levar a papinha dele, ele comeu e gostou. Ok. Nos dois eventos de febre que ele teve até agora ele ficou três dias sem querer comer NADA, só mamando. Ok (ok mais ou menos, porque eu fico sim preocupada e ansiosa quando ele não come!).

De forma geral, o que não abro mão: Joaquim não come nada de origem animal, ou seja, nenhum tipo de carne, nada de laticínio que não seja o da própria mãe, nada de ovo, nada de mel. Depois de um ano liberamos o ovo, em doses moderadas. O resto demora mais um pouquinho...

Nada também de coisas industrializadas que tenham corante, conservante, glutamato, éca! E açúcar, né?

Os episódios que alegraram o coração da mamãe natureba foi ver ele gostar de suco verde, de mingau de aveia, mingau de farinha de arroz integral, tapioca... e a coisa mais fofa do mundo é ele tomando chá :)

Mas de forma geral ele come muito pouco e gosta mesmo é de brincar com a colher! Oh céus, por que tudo vai pra boca, menos a comida?!?!


Quarto trimestre - Equilibrar segurança e liberdade

Um pouco antes de completar 9 meses o Joaquim começou a engatinhar. Aí começam os tombos, ai que dó! E tem a parte de catar tudo e colocar na boca, então fico doida pra não ficar nada pequeno pelo chão ou ao alcance, porque tenho pâ-ni-co de afogamento. Tem também as coisas que não oferecem risco pra ele, mas ele que oferece risco pra coisa (os discos de vinil do papai, por exemplo, rs...). Então a gente tem que rever a organização da casa, a gente tem que aprender a falar não, ou, mais importante, aprender como falar não.

Por outro lado, não tem coisa mais emocionante do que ver a admiração dele pelas coisas novas. Não dá pra ficar podando! Ele está descobrindo o mundo, que mundo eu quero que ele descubra? O do "não pode"? O do "é perigoso"? O do "não quebra"? O do "é sujo"?

Nessa etapa acho que o mais importante é adaptar a casa para o bebê. Tirar do alcance as coisas perigosas e/ou que podem ser estragadas e colocar no alcance coisas interessantes e seguras, que não sejam só os brinquedinhos.

Estou começando, qualquer hora eu volto aqui pra contar como estamos indo!

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