domingo, 27 de setembro de 2015

Por quê?!?!

Ou melhor, "Pu quê?!"

Joaquim mergulhou de cabeça e está nadando de braçada na famosa fase dos porquês. TU-DO que a gente fala ele emenda num "Pu quê?!".

Tenho feito um delicioso exercício de presença ao ouvir seus questionamentos e não tenho a menor vontade de falar "Porque sim" ou "Porque não". Na grande maioria das vezes eu devolvo a pergunta (outro dia o Paulo Cesar disse que leu num livro do Osho que uma pergunta respondida é uma pobreza - ou algo assim, não me recordo das palavras exatas).

Então quando eu o chamo pra tomar banho e ele pergunta "pu quê?!" eu respondo "Por que será que a gente precisa tomar banho?". Eu não espero uma resposta dele. Em muitos casos ele fica quieto, vai fazer outra coisa, meio que matutando sobre a minha resposta-pergunta. Outras vezes ele insiste: "Pu quê?!". Algumas vezes eu dou continuidade, meio que respondendo, meio que perguntando, tentando não explicar, mas geralmente é inevitável. De qualquer forma, tento não bombardear a cabeça dele com grandes explicações e a coisa logo se resolve.

Às vezes solto um convincente "não sei" e é infalível. Desde que seja honesto, claro. Me sinto tão leve assumindo um "não sei"! O que não tem nada a ver com porque sim/porque não,  sinta a diferença.

Embora eu me canse um pouco, acho divertido e tenho conseguido não responder com impaciência. Na verdade uso essas insistentes interrogações pra checar em mim meus porquês mais profundos.

Por isso as respostas que mais tenho gostado de dar são:

"Porque eu gosto"
"Porque estou com vontade"
"Porque alegra meu coração" (essa eu uso em situações escolhidas a dedo. Não quero banalizar o coração, rs...)

Uso essas respostas na terceira pessoa também. "Pu que o papai foi tabalhá?!". Nada dessa coisa de ganhar dinheiro, não consigo. Ele foi porque gosta! E pronto, não precisa de mais explicação (não porque eu não queira dar, mas simplesmente porque o "pu quê?!" não surge desse tipo de resposta).

Tenho aprendido assim a valorizar meus gostos, minhas vontades e meu coração - e os dos outros também. E quando estou em dúvida sobre alguma decisão, ouço aquela vozinha doce me perguntando "pu quê?!" e então só vou em frente se for por gosto, por vontade ou por alegrar meu coração.

Cada vez mais tenho sentido como as obrigações são inúteis e doloridas e tenho sentido vislumbres maravilhosos de liberdade. Mas isso é assunto pra outro texto...


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