quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Eu quero ser uma mãe-macaca


Eu estava no freeshop do aeroporto de Istambul (gente fina é outra coisa, eu sei!), quando parei em frente a uma prateleira de bichos de pelúcia. Era uma linha do WWF com bichos e seus filhotes, a coisa mais fofa!

A essa altura eu já sabia que estava grávida, mesmo sem as comprovações laboratoriais, e esse apelo materno-faunístico me fisgou. Tinha leoas, ursas, tigresas, lobas, todos esses grandes mamíferos sedutores e apaixonantes, mas não teve jeito, quando eu vi essa macaca com esse macaquinho, eles pularam no meu colo! Sei que os primatas também são apaixonantes, mas frente aos grandes felinos, ursídeos e até canídeos, eles ficavam em segundo (ou quarto) plano.

Só que de repente eu queria ser aquela macaca, com aquele filhote agarradinho a ela. Olha só a cara dela de orgulho e satisfação! E o filhote? Um pouco assustado, mas enquanto ele estiver em contato com aquele pelo de mãe, tem a certeza de que nada pode lhe fazer mal. Viagem de grávida? Pode ser, mas essa leitura me foi automática quando vi esses simples bonecos.

E aí eu resolvi que quero ser uma mãe-macaca! (peço licença aos bichólogos de plantão, pois minhas impressões de uma macaca são totalmente leigas e posso falar alguma besteira do ponto de vista biológico... de qualquer forma, o arquétipo que formei é esse...)

Eu quero ter o humor de uma macaca. Não são bichos engraçados? E humor traz leveza... não há cara feia que um sorriso sincero não dissolva.

Eu quero ser acolhedora que nem uma macaca. Quero ficar com meu filhote agarrado a mim o tempo todo, no colo, nas costas, acordado, dormindo, mamando. Imagine que delícia ficar em um colo de macaca, macio, fofinho, cheiroso (do ponto de vista do filhote macaco, é claro, rs...).

Eu quero ser protetora que nem uma macaca. Ela é engraçada, ela é acolhedora, mas tente tirar seu filhote pra ver o que acontece! Existem dentes e músculos fortes prontos a proteger a cria, sem meias palavras e com a rapidez que a vida exige.

Eu quero ser irracional que nem uma macaca. Quero seguir meus instintos sem pensar, sem racionalizar, sem ser razoável, sem querer agradar aos outros, sem fazer firulas, sem abrir concessões.

E eu quero ter a mesma certeza de estar fazendo tudo certo que tem uma macaca.

Esse desejo, o de ser uma mãe-macaca, é o meu primeiro desejo de mãe. Porque eu sei que meu filhote será um macaquinho e merecerá ter uma mãe-macaca!

E por falar em querer e desejos, a trilha sonora que embalou esse texto foi a seguinte, na voz do Milton, lindo, lindo, lindo!

Mistérios
Um fogo queimou dentro de mim
Que não tem mais jeito de se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar

Um rio passou dentro de mim
Que eu não tive jeito de atravessar
Preciso um navio prá me levar
Preciso aprender os mistérios do rio pra te navegar

Vida breve, natureza, quem mandou, coração

Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito de segurar
A vida passou pra me carregar
Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar

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