Eu sempre me vi como mãe de menino. Como nunca tive muita paciência pra fru-frus, ficava com receio de ter uma menina e não saber lidar com os rosas, babados, princesas e cia. Bobagem, eu sei, mas, enfim, cá estou como mãe de menino.
Eu só não pensava nos desafios que a criação de menino traz. São tão óbvios quanto menina brincar de Barbie, mas eu não tinha pensado sobre o assunto até me deparar com uma cena que me entristeceu bastante.
Um menino de seis anos choraminga porque não sabe onde está o seu brinquedo - um másculo bonequinho do homem-aranha - e a mãe desdenha "olha Carol, ele tá falando que nem menininha. Fala que nem homem!", engrossando a voz nessa última parte.
Se fosse uma menina choramingando porque não sabe onde está a Poly alguém mandaria ela "falar que nem mulher"? Duvido.
Criança choramingando enche o saco mesmo. Tem hora que tudo que eles pedem é resmungando, é fazendo drama. Concordo que o adulto deva investigar o motivo da manha, deva ensinar que não precisa pedir chorando; pode até mandar um "fala direito, menin@!", mas é injusto direcionar essa educação com base em gênero.
Criança é criança. Tem suas manhas, precisa de colo, de aconchego, de dengo (e, sejamos sinceros, que adulto não precisa?).
O menino vai aprender a ser homem de acordo com os exemplos que ele tiver. Vale a pena dar o exemplo de que "homem não chora"? De que "homem não demonstra sentimento"? De que "homem tem que ser sempre durão"? Lembrando que aprender a ser homem ou aprender a ser mulher não tem a ver com a orientação sexual. Não falta homem hétero bunda mole e tenho amigos gays que são muito machos.
Se o menino é gay (ou vai ser, não sei como isso funciona...), é outra história. Se os pais e demais familiares tem medo de ter um menino gay, é outríssima história. Mas tenho claro como as águas do Tapajós que esse direcionamento não tem nada a ver com choramingos de criança e com colinho de mamãe.
Além do que, menino não tem que falar que nem homem. Menino tem que falar que nem menino, oras bolas!
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