domingo, 1 de abril de 2012

Como foi

É engraçado como a reação de muitas pessoas quando eu conto que estou grávida é algo do tipo "Nossa! Me conta, como foi?".

Eu brinco perguntando se a pessoa nunca ouviu nada sobre cegonhas e repolhos, mas depois pergunto se ela quer mesmo que eu entre em "detalhes técnicos". Todos riem e mudamos de assunto.

Bem, sobre a decisão de me tornar mãe eu realmente entendo que possa causar espanto em alguns, pois eu já declarei categoricamente e por um bom tempo que não queria ter filhos. Aí em Fevereiro de 2010 tudo mudou, mas essa história você, que é leitor/a do Filho do Aralume, já conhece ;)

Eu até falo que estou grávida há dois anos. Na verdade, eu tive um período de concepção que começou em fevereiro de 2010 e durou dois anos, culminando na concepção física em fevereiro de 2012. Entenda: eu não fiquei tentando engravidar por dois anos, eu me preparei para engravidar por dois anos... coisa de gente doida, admito!

Enquanto a ideia de ser mãe foi amadurecendo, fui também organizando a parte prática e planejando junto com o outro principal interessando, também conhecido como marido, quando iríamos colocar de fato o plano em prática. Nossa decisão foi de começar a tentar no começo de 2012. Não por conjunções astrológicas, nem pelo calendário Maia, mas porque eu gostaria muito de parir no verão!

Paralelamente a isso inventamos a viagem para os Andes, que seria uma espécie de "despedida das grandes aventuras", juntando ainda uma vontade minha de ter uma experiência de viajar sozinha. O resultado foi incrível e você deve ter lido aqui.

Pois bem, durante a viagem eu "entrei numas" de que queria ter um "bebê inca"! Achei o máximo a ideia de conceber nosso rebento na Isla del Sol, no meio do Lago Titicaca, a quase 4 mil metros de altitude! Mas as coisas não são assim tão simples... voltemos às aulas de aparelho reprodutor do colegial, com ajuda do Dr. Google, é claro!:

- o ciclo feminino dura, em média 28 dias, contados a partir do primeiro dia da menstruação. No meio do ciclo ocorre a ovulação, que é quando a mulher encontra-se fértil. O óvulo fica "disponível" por, no máximo, 24 horas! Ou seja, um dia a cada 28 dias é quando a mulher tem chance de ficar grávida;
- por outro lado, os espermatozoides sobrevivem dentro do corpo da mulher por até cinco dias, mas em média por três dias, ou seja, isso multiplica por três, quatro ou cinco vezes as chances da mulher ficar grávida a cada ovulação;
- mas essa potencialização das chances de engravidar graças a espermatozoides espertos e persistentes só vale antes da ovulação... depois que o óvulo foi embora, só nos resta esperar mais um ciclo...

E foi por isso que não tivemos um bebê inca... analisando meu ciclo eu devo ter ovulado no meio do Salar de Uyuni. Se você leu o relato de viagem no Aralume, sabe que naquelas condições não tinha muito "clima" pra encomendar um bebê... aí na Isla del Sol e no confortável hotel em La Paz meu óvulo já tinha ido embora...

Tudo é perfeito e agora eu fico pensando onde é que eu estava com a cabeça de querer ficar grávida às vésperas de fazer a Trilha Inca e de ficar duas semanas sozinha em Cusco!

E foi justamente por ter passado esse tempo sozinha e ainda ter chegado em casa sem marido, que meu primeiro óvulo de 2012 também se foi... por essa época eu inventei uma história, que foi a "coisa extraordinária". Falei sobre isso aqui. A brincadeira era que a cada mês que eu não ficasse grávida eu faria alguma coisa "mutcho loka", que não poderia fazer (ou não faria muito sentido) se estivesse grávida. E eu teria que resolver qual seria essa coisa assim que ficasse menstruada (não valia ficar planejando e fazendo listas de coisas extraordinárias... tinha que ser uma por vez!) e realizá-la no prazo de duas semanas, ou seja, antes da ovulação. Sim, eu sei, coisa de gente doida!

Mas entre as maluquices de gente doida, passam coisas sérias e pertinentes na minha cabecinha... e a principal delas foi o insight de pensar a sexualidade. Falei sobre isso aqui e aqui. E como esse é definitivamente um tema que não funciona só com teorizações, partimos pra prática!

E praticamos, e praticamos e praticamos muito! Na minha análise pessoal, considero que eu e o Paulo Cesar nunca tínhamos chegado em níveis tão altos e muito bem combinados de amor e tesão. No começo do namoro é muito tesão e um amor incipiente... depois o amor vai aumentando, mas o tesão já não tem mais o vigor da novidade. Claro que não foi uma relação assim tão linear e inversamente proporcional o tempo todo... mas é uma tendência.

Uma coisa que eu tinha medo de acontecer quando a gente resolvesse ter filho era que o sexo ficasse estritamente relacionado a isso, como se fosse uma lição de casa. Isso me apavorava! Mas não chegamos nem perto de correr esse risco...

E é por isso que a primeira sensação que eu tive quando pensei que poderia estar grávida foi "o recreio acabou"! Não sei se você pegou a sutileza da coisa... não é que agora não faremos mais sexo, claro que fazemos e faremos, mas muda (lembre-se, Tudo muda!). E antes meu foco era experimentações em sexualidade (recreio)... agora meu foco é fabricar um ser humano (sala de aula). Sacou?!

Nos dias que antecederam a confirmação da gravidez rolou uma certa tensão... eu não fazia questão de estar grávida... se não estivesse iria inventar uma "coisa extraordinária" e ideias já pipocavam na minha cabeça, transgredindo as regras do jogo! Mas isso significaria que eu ou o Paulo Cesar poderíamos ter algum "pobrema". Não era possível que com aquela quantidade de espermatozoides, tão bem distribuída ao longo dos dias, nenhum chegasse até o óvulo... ou será que justo naquele mês meus óvulos tinham resolvido fazer greve?

Pura paranoia, é claro, mas quem não é paranoico?

No fundo eu já sabia que estava grávida... já conseguia sentir algumas mudanças sutis... não senti nenhuma pequena explosão quando espermatozoide e óvulo se encontraram, mas ao longo dos dias ia percebendo que algo tinha mudado.

Só que paranoico que se preze não deixa por menos e eu pensava que poderia estar doente, ou com gravidez psicológica, ou as duas coisas juntas!

Eu tinha visto em algum site que seria mais confiável fazer o teste de farmácia no quinto dia de atraso da menstruação... mas no quarto dia eu não aguentava mais de angústia e comprei o teste! Era noite e eu também tinha visto no tal site pra fazer o teste com a primeira urina do dia... li a embalagem e não falava nada disso. Quer saber? Vou fazer!

E fiz... e foi tão bonitinho ver aquelas duas listrinhas aparecendo instantaneamente... é claro que eu estava grávida! Eu já tinha matutado tanto sobre a possibilidade de estar grávida que aquele teste foi só um alívio. Não foi emoção, não foi medo, não foi "e agora?". Foi certeza.

Nesse dia eu continuei a postagem que tinha feito quando desconfiei que estava grávida. Na metáfora do menino que fica inconformado com a sirene encerrando o recreio, ele caminha para a sala de aula querendo continuar o futebol, mas quando vê qual é a próxima aula, esquece da bola e fica feliz. A próxima aula é de arte!

E eu só sei que foi assim!

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