quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Esperando


A minha parteira (ai, adoro dizer "minha parteira"... desculpa aí, mas deixa eu curtir "ter uma parteira", rs...). Bem, a minha parteira fala que antigamente quando uma mulher estava grávida dizia-se simplesmente que ela estava esperando. E de fato era isso o que ela fazia: esperava. Com relação à gestação não há muito mais o que fazer, a não ser esperar...

Ah, mas e as aulas de yoga, as sessões de terapia, os complementos vitamínicos, o quarto do bebê, o enxoval, o parto?! Tem que se preparar para o parto! É um tanto de coisa que nós, grávidas urbanas, temos que fazer que chegamos a esquecer que estamos esperando.

Dessas coisas que citei, algumas são porque não vivemos mais no "antigamente" e temos que pagar a conta dos tempos modernos, reaprendendo a nos conectar com nossos instintos e a dar ouvido à nossa intuição. E outras são para deixar a espera menos tediosa... é dessas que quero falar!

Eu nunca gostei de esperar e acho que a maioria das pessoas não gosta. Aquela sensação de estar "perdendo tempo" me mata! Por que não resolve isso logo? Cadê o [coloqueaquioquevocêquiser] que não chega? Só daqui X meses?!

Mas também tenho aprendido que as coisas tem seu tempo e basta olhar pra natureza pra ela nos lembrar disso. Vejo da janela a mangueira carregada de flores... alguns ramos já trazem mini mangas... que vontade de comer manga! Ok, posso ir até o supermercado e comprar manga, mas ver essa árvore me lembra que certos ritmos e certos ciclos independem da nossa vontade. A manga estará madura quando ela tiver que estar madura... se tem plantios que aceleram esse processo, tudo bem, mas tudo tem seu preço (e o preço da pressa costuma ser alto... bem além da simples falta de perfeição...).

E a espera da chuva? Já ouvi falar de um japonês que faz chover, mas de forma geral todos ainda temos que esperar pela chuva... dança, mandinga, pajelança, pode ser que resolva, mas pode ser que seja só pra ajudar a passar o tempo e fazer com que a espera seja menos tediosa e sofrida.

Na gravidez, a mesma coisa. Você pode até marcar uma cesariana e achar que pôs fim à espera, mas aquelas 38 semanas você vai ter que esperar...

O que fazer então? Tricô!

Estou redescobrindo o prazer de tricotar e nesse contexto está ainda mais legal. É uma atividade tranquila, mas que também exige concentração e atenção; é também uma atividade que ajuda a esquecer da pressa e a entrar no tempo natural das coisas; e é uma atividade que produz algo para o filhote que está sendo tricotado lá na barriga. Cada pontinho leva o carinho das mãos da mãe, que vai envolver o corpo do bebê.

E se a lã for "de verdade" melhor ainda! (infelizmente a maioria das lãs é 100% acrílico, ou seja, é puro petróleo e não tem nada de lã, mas é possível encontrar lã de verdade em algumas - poucas - lojas. Uma delas é a Novelaria, onde acabo de comprar alguns novelos e não vejo a hora de começar o próximo trabalho!).

Se você não sabe e nem tem o privilégio de ter uma mãe pra te ensinar, não se desespere. Os tempos modernos tem seus prejuízos, mas tem também suas vantagens. Na Novelaria tem cursos de tricô e crochê e acho que é só procurar um pouco pra encontrar outros lugares.

Se tricô não é a sua praia, não tem problema... mas sugiro humildemente algum trabalho manual, que, além de tudo, ainda nos conecta com as antigas tarefas femininas, coisa que a querida parteira também enfatiza. Pode ser cozinhar, costurar, bordar, tecer, plantar (na jardinagem tem que tomar um pouco de cuidado com os contaminantes da terra... geralmente recomenda-se a utilização de luvas).

Assim a espera fica mais leve, mais prazerosa. E o objetivo não é "passar o tempo", nem fazer com que o momento "chegue logo", mas sim curtir a caminhada e deixar com que a natureza flua tranquilamente.

No topo da postagem o primeiro sapatinho que fiz para o Joaquim! Nível extra-fácil e ainda assim apanhei um pouco... Mas no final consegui até fazer um enfeitinho de crochê (a borda branca), coisa que pra mim foi uma grande conquista! Conquistas que não seriam possíveis sem a presença e empolgação da minha mãe, que fez esse sapatinho branco, o primeiro dela pra ele também. Esse é do nível vó! Vó que já fez enxoval pra três filhos, diga-se de passagem ;)

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