quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O menu do Joaquim

Eu já citei por aqui que a introdução alimentar não foi um mar de rosas... na verdade foi bem estressante... Nem sempre - ou quase nunca - as minhas teorias favoritas funcionavam na prática, Joaquim comia pouco - ou quase nada - e eu ficava ansiosa. Mas o tempo foi passando e como sabiamente dizia a vó da minha prima, "o tempo cura queijo" (mineira, claro, rs...).

Não mudei os temperos, não mudei os ingredientes, não mudei a forma de fazer, não mudei a minha atitude (confesso... adoraria, mas não vou dizer que "aí eu desencanei e a coisa aconteceu"). E eis que uns três meses depois do primeiro quase-bocado o menino resolveu comer! Assim meio que da noite pro dia mesmo.

Bom, essa introdução é só pra dar um alento a alguma mãe que esteja passando pela fase chata que passei de filho-que-não-come. O que me deixava um pouco mais tranquila é que li que enquanto o nenê estiver mamando no peito a nutrição dele está garantida. Há controvérsias, mas eu preferi acreditar nisso a surtar de vez. Quem acalmou meu coraçãozinho foi o Carlos González no livro Comer, Amar, Mamar.

E agora que o meu comilão prestigia a comidinha da mamãe vou contar o que ele anda comendo. Serve também pra eu lembrar, já que escrevo porque tenho memória fraca!

Ah, vale ressaltar que antes de começarmos com os alimentos não-leite-de-mãe fizemos um curso de alimentação vegetariana para bebês e crianças com a Ana Ceregatti, que é nutricionista especialista em dietas vegetarianas e veganas e que me acompanhou na gestação. Eu sou vegetariana e o pai do Joaquim não, mas combinamos de manter uma dieta vegana para ele até um ano de idade e negociar a introdução das carnes "mais pra frente".

O combinado já furou porque resolvemos começar a dar ovos, por orientação da pediatra e também porque eu estava doida pra dar biscoito de polvilho, rs... (que ele adorou, diga-se de passagem! Mas não pense que é "biscoito de pacote". Só biscoito fino, feito pela vovó e pela tia Ju!).

Então vamos lá: no curso da Ana ela passou uma tabela muito legal, que separa os alimentos em 5 grupos, aí é só pegar um de cada grupo e montar o cardápio. Gostei tanto que anotei essa tabela na parede da cozinha e tem sido de grande ajuda!

Os grupos são os cereais, tubérculos, leguminosas, "legumes" (que compreende raízes, frutos e flores) e folhas. Não vou entrar em detalhes porque esse não é um material "aberto" e recomendo fortemente a consultoria da Ana, não só pra quem queira ter uma dieta vegetariana ou vegana, mas pra todos que se interessarem em ter uma boa alimentação.

Mas vou contar aqui as misturas que estão dando mais certo:

Arroz com feijão e cia.: arroz branco, feijão carioca, cará, abobrinha e escarola. Os feijões eu sempre cozinho em panela de pressão com alho e louro, o arroz eu não refogo nem coloco óleo, cará no vapor com azeite no prato, abobrinha no forno com ervas (tomilho, hortelã e manjericão), limão, azeite e tahine, escarola refogada com alho. Tudo sempre com pouco sal (a ideia no começo era não dar sal até um ano, mas a pediatra sugeriu que desse e vimos que o sal era uma forma do Joaquim se interessar mais pela comida...).

Creme de ervilha: ervilha seca cozida na pressão com alho e louro, depois acrescenta: quinua, batata, cenoura e escarola (é que tem bastante na horta, rs...). A quinua praticamente derrete, a escarola tem que ser bem picadinha e a batata e a cenoura amassadas no garfo formam um creminho delicioso.

Creme de abóbora: feijão azuki cozido, abóbora cabotchã, arroz cateto, inhame e, adivinha?, escarola! Isso aqui foi na verdade um aproveitamento do almoço, aí eu bati tudo no mixer e levei ao fogo com ervinhas (tomilho, alecrim, sávia e manjericão). Foi um sucesso!

Angu de milho diferente: angu é o primeiro prato favorito do Joaquim! Pra fazer é só bater os grãos de milho no liquidificador com o mínimo de água e coar. Numa panela, refogar um pouco de cebola no azeite e despejar o suco do milho. Fogo baixo e mexe até engrossar. Essa é a receita básica do angu, que pode levar cebolinha no final. Além dela eu coloquei couve bem picadinha (chega de escarola!). No prato amassei cenoura e mandioquinha, coloquei o angu por cima. Ainda misturei um pouco de tofu, que conta como feijão/leguminosa. O tofu estava temperado com gengibre e de resto só azeite. Exótico, gostoso e nutritivo.

Essas foram as misturas mais legais que fizemos até agora, mas a dupla arroz e feijão permite infinitos acompanhamentos e combinações. Tem também a lentilha, que ele adora. Ontem o Joaquim comeu brócolis direto com a mão! Ah, esse é um detalhe importante: ele fica louco de vontade de pegar a comida, então eu sempre procuro deixar algum ingrediente inteiro pra ele poder pegar e se divertir enquanto vamos dando os amassados de colherada.

Para as outras refeições, muita fruta, geralmente uma fruta sozinha, mas às vezes faço umas misturas também. Ele adora manga com banana (uma manga palmer + 2 bananas prata + bater no liquidificador. Fica divino). Banana é a rainha! Mas ele também gosta de mamão, abacate, pera, maçã, pêssego... Às vezes coloco um pouco de tahine ou flocos de quinua.

E os mingaus! De aveia, de farinha de arroz. Sem leite, claro! Faço com água, aprendi com a Carol, minha cunhada e guru na maternagem ;) pode incrementar com uma fruta (banana, maçã ou pera combinam super). Às vezes coloco uva passa, pra dar um docinho. Já temperei com canela em pau e com cardamomo, com ótima aceitação. E por falar em cardamomo, outro dia fiz um chuchu com curry! Pouquinho, é claro, mas meu pequeno Shiva aprovou (orgulho da mamãe!).

É uma delícia ir mostrando os aromas e sabores pro Joaquim. E ver ele comendo com as próprias mãozinhas também é muito legal! Faz uma baita sujeira, é claro, e confesso que tem hora que economizo na sujeira, ou porque estou cansada, ou porque tem que sair logo em seguida, ou porque ele acabou de tomar banho e está de pijama... mas se não prestar atenção, sempre vai ter um pretexto pra não deixar a criança se sujar comendo e isso é muito ruim, porque é uma privação dos sentidos pra ela. E os sentidos estão diretamente ligados com o prazer. E privar alguém do prazer é muito triste... Sem falar que é um ótimo exercício de coordenação motora. Enfim, se está na chuva é pra se molhar!

Outro dia li num blog um texto falando sobre maternidade e dizia "ninguém disse que seria fácil, mas todo mundo falou que seria maravilhoso!".

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