sábado, 22 de fevereiro de 2014

Noites mal dormidas e a licença paternidade

O aniversário do Joaquim está próximo e vira e mexe me pego lembrando dos primeiros dias com ele. Então me veio um insight, que gostaria de compartilhar com os futuros e muito recentes pais e mães:

Se um homem, pai de um recém-nascido, tem uma noite ruim, com poucas horas de sono e um considerável desgaste nas horas acordado; se esse homem precisa levantar cedo e ir trabalhar, ele está em condições físicas, mentais e emocionais MUITO melhores do que uma mulher, mãe de um recém-nascido, que teve uma noite ruim, com poucas horas de sono e um considerável desgaste nas horas acordada.

Essa mulher, que acabou de passar por um parto ou uma cirurgia e, portanto, está com seu corpo já bastante fragilizado; essa mulher vai passar o dia amamentando, cuidando da coisa mais preciosa da vida dos dois, sem saber muito bem como deve fazê-lo, ou por mais que saiba, sempre se questionando em dúvidas e culpas; essa mulher está lidando com um terremoto de emoções desconhecidas; ela vai passar o dia sem saber se e quando conseguirá ir ao banheiro, sem saber se e quando e o que conseguirá comer, sem saber se e quando conseguirá trocar de roupa ou escovar os dentes; e essa mulher, ainda por cima, vai acreditar que precisa encenar o papel da mãe-em-estado-de-graça-com-um-lindo-bebê-nos-braços e isso só vai contribuir para que seu estado emocional piore e fique cada vez mais indecifrável.

Essa mulher não deve poupar seu marido de acordar de madrugada "porque amanhã ele precisa trabalhar". Essa mulher precisa do marido ao seu lado, presente, mostrando com olhos, boca e mãos que ele está ali. Essa mulher precisa de uma xícara de chá às duas da manhã. Essa mulher pode precisar que alguém troque a fralda de seu filho enquanto ela vai fazer um xixi. Essa mulher precisa que alguém a ajude com as almofadas que teimam em não se ajustar ao seu novo ofício. Essa mulher precisa não se sentir sozinha (e não há nada mais solitário do que ter alguém que ronca a seu lado).

Antigamente, durante a quarentena, as mulheres mais velhas se encarregavam da puérpera e o marido ia dormir no quarto ao lado. Hoje as coisas mudaram e não são só as mulheres que precisam ser multi-tarefas.

Diante disso, concordo com a licença paternidade de um mês. É um mês que pode fazer muita diferença na vida daquela família, que pode evitar um nenê doente, que pode evitar um surto histérico da esposa (evita um, não evita todos, rs...).

Se o cara não dormiu bem, ele não vai render no trabalho a mesma coisa, é fato. E ele precisa não dormir bem, pelo bem de sua família. Pelo bem da formação de um ser humano, que interessa a toda a humanidade que seja bem formado. Nada mais justo do que ter esse ônus repartido com todos.

Um mês resolve? Olha, pra mim, foi o período mais crítico. Não sei se resolve, mas ajuda muito.

E enquanto não dá pra ter um mês? Força papais! Será por pouco tempo... passa devagar, parece uma eternidade, mas depois que passa percebe-se que é um tempo muito curto.

E mulheres, por favor, mostremos que precisamos de ajuda. Aceitemos ajuda. É pelos nossos filhos e eles tem esse direito.

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