quarta-feira, 24 de abril de 2013

Pequena "sacação" sobre o desmame

A vida de mamífero do Joaquim está apenas começando e ainda tem uma longa estrada pela frente, mas esses dias tive uma "sacação" (prefiro ter sacações do que insights, hehe) sobre a dificuldade que o desmame representa pra muitas díades mãe-filho... geralmente pensamos que pra criança é difícil, mas tem um aspecto na mãe que deve pesar bastante: a partir do momento em que a criança desmama, a mãe deixa de ser fundamental na sua sobrevivência. Claro que do ponto de vista prático não é assim, mas estou falando justamente sobre as amarras invisíveis existentes nessa relação, sejam elas laços, nós, emaranhados...

Essa sensação de ser fundamental para a sobrevivência de outra pessoa pode enveredar por muitos caminhos, mas logo de cara é algo que traz um certo poder (pra não dizer "plenos poderes", rs...). Repito: na prática não é assim, existem mamadeiras e leites artificiais, existem outras pessoas pra cuidar, mas a sensação é a de que se eu não estiver aqui, ele não sobrevive. Cito novamente Winicott: O bebê não existe sozinho, ele existe com sua mãe.

E essa relação vai se consolidando conforme a amamentação progride, ainda mais se for exclusiva. Um belo dia o bebê começa a comer, mas continua mamando, pois precisa daquela mamada pra dormir, pra relaxar, pra se sentir seguro. A mãe - e só a mãe - é quem proporciona todas essas dádivas. E quando é chegada a hora da separação, por mais que a mãe queira ou precise, sob aspectos práticos ou fisiológicos, lá no fundo a mensagem é que esse bebê não precisa mais de mim. E de deusa provedora da vida ela passa a ser uma mera figurante dispensável! E ainda falamos que a criança não quer desmamar...

Sim, dramatizei, mas me diga, você que já teve que desmamar uma cria, minha sacação procede?

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