sábado, 6 de julho de 2013

O mundo é bão, Sebastião!

A antroposofia divide nossa vida em setênios e assim vai explicando o desenvolvimento do ser humano, os principais aprendizados e desafios de cada fase. Os três primeiros são o tempo que a gente precisa pra "estar pronto". Sim, 21 anos! Não consigo explicar em detalhes, mas é o tempo que não apenas o corpo físico leva pra terminar de se formar, mas também o intelecto, as emoções e corpos mais sutis.

Os três primeiros setênios são, portanto, uma fase delicada e merecedora de toda atenção e cuidados. As crianças e adolescentes deveriam andar com uma plaquinha assim: Atenção - ser humano em formação!

Deveríamos ter com eles o mesmo cuidado que uma cozinheira zelosa tem com o bolo que está no forno. Não pode abrir a porta antes do tempo! E tem que ficar de olho no relógio pra não queimar. Ou então o mesmo cuidado que o artista esmerado tem com sua tela. Não vai deixar ninguém encostar até que a tinta esteja bem seca. E por aí vai, faça as analogias com as quais se identifique, o que importa é que tudo que "não está pronto" precisa de cuidado.

E pra saber o rumo do cuidado a antroposofia nos dá pistas preciosas. Cada setênio tem seu grande aprendizado, que pode ser resumido em uma frase, simples e objetiva. Veja:

Primeiro setênio - 0 a 7 anos: O mundo é bom
Segundo setênio - 7 a 14 anos: O mundo é belo
Terceiro setênio - 14 a 21 anos: O mundo é justo

Isso quer dizer que o grande objetivo dos adultos ao lidar com crianças e adolescentes é passar pra eles a mensagem de cada setênio. Em cada atitude, em cada gesto, em cada presente, em cada palavra, pergunte-se "quando faço isso, essa pessoa em formação entende que o mundo é bom/belo/justo?". Se a resposta for não, pare tudo e recomece.

Evidentemente, pra passar uma mensagem você precisa acreditar nela! Se você mesmo não acredita que o mundo seja bom, belo ou justo, então afaste-se desses seres em formação. Eles não precisam de você. Se não tem como se afastar, se você é pai ou mãe, trate então de fazer com que o mundo seja bom, belo e justo!

Como mãe de um recém-chegado, eu fiz dessa frase um mantra, que repito e indago a todo momento. O mundo é bom! O mundo é bom? O que eu preciso fazer para deixá-lo bom?

Tudo que faço pro Joaquim vem com essa análise: será que com isso ele vai achar que o mundo é bom? Desde a qualidade das roupinhas até o tempo que dedico a ele. A temperatura da água do banho e o nível de ruído do ambiente. Os olhares que trocamos e as coisas que eu digo. Tudo pra mostrar pro meu filho que a vida vale a pena, que viver é gostoso.

Os "realistas" de plantão podem querer argumentar que o mundo nem sempre é bom, nem belo e muito menos justo. A primeira coisa que me vem à cabeça é a necessidade de separar o "ser" do "estar". Depois, é preciso assumir que o mundo começa em casa e o responsável pelo exemplo é você.

Um mundo bom não é o que não tenha desentendimentos, mas onde cada um está disposto a se entender; um mundo belo não é feito só de paisagens arrebatadoras, mas de pequenas belezas nos detalhes cotidianos; a justiça se faz em cada acordo, desde seu estabelecimento até seu cumprimento.

Felizmente ainda tenho um tempo pra meditar sobre o belo e o justo...

Por enquanto minha missão é mostrar pro Joaquim o tanto que o mundo é bom!

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